Pular para o conteúdo principal

Nem parece que foi ontem

Depois de muitos meses sem nos falar, resolvo ir até sua casa, para uma visita inesperada. Quem me recebe à porta é a sua mãe, com um sorriso gostoso e braços muito abertos, que me envolveram num abraço que só ela consegue dar.

Ando da sala até os quartos, subindo as escadas, onde cruzo com seu irmão gêmeo. Esse, surpreso, me chama de canto para conversar.

- Você sabe que ele tem namorada, né, Di?

Fiquei aturdida com a notícia e saí tempestivamente ao seu encontro. Ricardo - seu irmão - correu atrás de mim, com a intenção de me acalmar e quem sabe até me impedir de falar contigo daquela maneira. Te encontro no quarto, de pé e de costas para mim.

- Rafael, - digo numa voz trêmula que não se decide entre felicidade em vê-lo ou de ódio pela nova companheira - que história é essa de você estar namorando? Quem é? Há quanto tempo? Poxa, pensei que fossemos ainda amigos, afinal. - As palavras saiam meio atropeladas.

- Não quis te contar para não te magoar, Di.

Balbucio mais algumas coisas e me desfaço em lágrimas. Ele, surpreso, vem ao meu encontro e me abraça. Me debato em seus braços para que me solte, mas quanto mais me debatia, mais ele me abraçava e na verdade não queria que ele me soltasse.

Começo a chorar violentamente.
- Como pôde fazer isso comigo? E eu, e nós?

Ele me empurra e caímos os dois juntos na cama.

- Diana - num tom muito sério - me escuta, você é a mulher da minha vida e nunca haverá outra.

- Como não? E a 'Paty'?

- Só você, Diana. E no futuro estaremos juntos de novo.

Ele me beija e trocamos carinhos por alguns minutos. Ainda deitados na cama, com ele em cima de mim, olho para o lado e vejo um vestido rosa. Eu tinha certeza, ele mesmo o costurou.

- Rafael, de quem é isso? Ou melhor, para quem é? É para ela, não é? - e caio em mais lágrimas coléricas.

- Não é.

- Então de quem é, Rafael, senão dela?

- Daqui uns anos você vai me entender.

Aceito a resposta, como sempre aceito as desse tipo. Nos sentamos na cama, nos despedimos com um longo abraço e volto para a minha vida. Sem Rafael.

Foi o melhor e ao mesmo tempo o sonho mais cruel de toda minha vida. Ah, doce amargura.

Comentários